Sunday, 25 March 2012

Dinyanga...O caçador


DINYANGA...
o espírito caçador Axiluanda
que encanta e protege, com rigorosa Ombanda,
 as florestas de Kissama, de Matamba, do N'dongo e de Luanda.

As suas palavras, amadas acima de todos e de tudo
e em Kimbundu,
Uikila Mbondo huinhi ji ku bua
“Ateia o embondeiro (Baobab) que a lenha se te acaba” 
Refletem a profundidade da sua sabedoria e mistério.

(A. Kandimba)


Referência: Carnaval, a maior festa do povo Angolano. 
Roldão Ferreira

Thursday, 8 March 2012

África, por seres Mulher


Neste dia Internacional da Mulher, não esquecer a mãe que mais filhas e filhos gerou...a mãe Africa!

Obrigado mãe pelos filhos que nos destes.
Te rimo, desde já, sem orientações e sem teses.

Grato pelos cabelos singelos
e as nossas mentes independentes.
Os nossos olhos livres de abolhos,
e os nossos corações valentes.

Grato pelos braços...Nossos laços,
e o nosso espírito luzente.
Nossos peitos feitos leitos
e nossos corpos...Figuras imponentes.

(A. Kandimba)


8 de Março de 2012 (Dia internacional da Mulher)
Imagem: Ben Heine

Monday, 5 March 2012

Israel: A nova Diáspora Africana

"Às vezes me sinto como uma criança sem mãe"

E Foi assim, acerca de vinte anos atras, através desta música, que vim a conhecer e a desenvolver o interesse profundo e fervente que tenho pelos Beta Israel*, os Judeus da Etiópia.

Eles são erroneamente chamados de Falashas (estrangeiros ou pessoas sem terra) e se orgulham de ser os descendentes do rei Salomão e da rainha Sheba, também conhecida como Makeba.

De acordo com a lenda, Israel é a terra santa e prometida de todo judeu.
A seculos que a comunidade afirma ser vítima de perseguições religiosas e aproximadamente 30 anos atrás, o governo Israelista, colocou em vigor várias operações de resgate, em segredo, desde o deserto do Sudão, dando início das fugas em massas de judeus da Etiópia.

Desde a Operação Moisés em 1984, que há mais de 100.000 judeus etíopes em Israel. Mas por mais que este acontecimento nos emocione e de certa maneira nos faz parecer um conto de fadas, a aceitação e a integração numa sociedade cuja maioria descende da Europa, do Oriente médio e do Norte da África, não tem sido fácil.

O orgulhoso povo do Chifre da África continua a enfrentar grandes dificuldades, sofrendo a calamidade do desemprego, do racismo, da depressão, do suicídio, do alcoolismo e da pobreza constante...Facto esse que presenciei durante as minhas viajens de lazer e pesquisa, precisamente nas cidades de Jerusalém e Tel Aviv.

Reconhecidos nacionalmente como fortes e bravos soldados e pela lealdade que demonstram ter para com as Forças de Defesa de Israel, a comunidade hoje se manifesta, sentindo-se traída, usada para simplesmente proteger, por interesse, o Estado de Israel.





Um dos momentos em que mais se reflete as forças interiores e coragem da comunidade seria o Sigd, um festival anual Beta Israel que recentemente se tornou um feriado nacional.

Através da batida dos tambores Bongo, rostos de homens, mulheres e crianças brilham.
Para cada rosto brilhante devemos recordar-lhes que eles são verdadeiros guerreiros e guerreiras e que iram comprir os seus sonhos, superar as dificuldades em prol das suas vontades de viver.

* Beta Israel= a casa de Israel

Setembro 2010
Artigo para o programação de cinema Beta Israel.
Africa in the Picture
Festival de cinema africano e da diaspora em Amsterdam , Holanda.

A. Kandimba

Fotos:Josh kram e Uriel Sinai.

Sunday, 12 February 2012

Estudar e’ um dever Revolucionário 2 : Bula Matadi e Mutu-YA-Kevela

Desfolhando e apregoando, pela segunda vez, as páginas dos livros guardados, mas longe de serem ignorados, dentro do baú da minha infância.

Para que os nossos heróis e heroínas sejam louvados e as nossas batalhas honradas eternamente.


Bula Matadi

Houve um aristocrata (Mwata) que vendo o perigo que corria o seu povo, fez uma guerra de resistência para que não fossem explorados e dominados pelos portugueses. Vejamos como se desenrolou a guerra da resistência chefiada por Bula Matadi no Reino do Congo.

O povo queria obrigar o rei a expulsar todos os portugueses e assim acabar com as suas intrigas que enfraqueciam o reino. A revolta foi chefiada por Bula Matadi. Ele conseguiu mobilizar o povo de todo o reino contra o rei do Congo.

Os portugueses intervieram militarmente ao lado deste rei, conseguindo, depois de muitas batalhas, vencer a resistência. Bula Matadi foi morto no último combate. Ele, apesar de ser aristocrata, foi capaz de lutar pelos interesses do povo. Este herói não deve se esquecido pelo povo angolano. A revolta de 1570 foi uma revolta popular contra a presença dos portugueses e contra os aristocratas seus aliados.

Mutu-Ya-Kevela

Os colonialistas em 1902 tinham ocupado grande parte do território angolano. No planalto alguns comerciantes portugueses conseguiram fixar-se em busca de milho, cera e borracha. Alguns fortes tinham sido construídos no huambo e Bie para apoiar as trocas comerciais e tentar aos poucos a ocupação do local.

Mutu Ya Kevela era soma no tempo do rei Kalandula do Bailundo (1902). Nessa altura grande repressão ordenada a partir do forte do Bailundo. Mutu Ya kevela em 17/04/1902 afirmou ao representante da autoridade portuguesa que não reconhecia essa mesma autoridade. A partir daí Mutu reuniu todos os sobados e reinos do planalto e preparou-se para a guerra. Esta revolta, que se estendeu a todo o interior de Angola, foi contra o trabalho forçado que era praticamente o mesmo que o trabalho escravo.

A revolta chefiada por Mutu Ya kevela paralisou por completo o recrutamento de pessoas e o comércio por certo tempo. Toda comunidade com o litoral foi cortada, os comerciantes espoliados e mortos, os fortes foram atacados.

Nesse mesmo ano, Mutu construiu o seu acampamento de guerra a norte do reino do Huambo. As forças reunidas por ele somavam, talvez, os 6.000 homens. Mas a falta de artilharia e número suficiente de armas de fogo criou grandes dificuldades.

É de notar que os portugueses atacaram com três colunas militares, força essa que conseguiu abafar a revolta. Mutu YA Kevela morreu em Agosto de 1902 em combate. A prova de que o povo estava mobilizado para essa luta foi que a morte de Mutu não impediu que a revolta continuasse.

Esta revolta é mencionada por todos os historiadores da África como uma das grandes revoltas contra o colonialismo. A luta pela expulsão do invasor colonialista, pela abolição da escravatura e a exploração, vem de longos anos, como nos mostra a História.

Por isso devemos render homenagem a esses heróis que nos antecederam pela sua bravura, coragem e decisão.

"Iniciação a história de Angola", ensino de Base 4ª classe, escrito pelo Ministério da Educação."

Saturday, 4 February 2012

Estudar e’ um dever Revolucionário


“Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, um grupo de mulheres e homens, munidos de paus, catanas e outras armas brancas, atacaram a casa de reclusão e a cadeia de São Paulo em Luanda, Angola, para libertarem presos políticos, ameaçados de morte.
O regime colonial fascista reagiu brutalmente e respondeu com uma acção de repressão em todo o país, com assassinatos, torturas e detenções arbitrárias.”(luta popular on –line)



No espírito do 4 de Fevereiro de 1961... Início da luta armada pela independência de Angola, um dos processos mais difíceis, dolorosos, complexos e demorados entre as emancipações africanas.

Enquanto ainda muitos derramam lágrimas de crocodilho pela perda da joia da coroa, a alma forte da exaltação pelo nacionalismo angolano aumenta robustamente.

A vida no tempo colonial foi extraido das páginas do livro escolar "Iniciação a história de Angola", ensino de Base 4ª classe, escrito pelo Ministério da Educação.
Uma das mais vibrantes relíquias da minha infância...Algo que carrego comigo há mais de 30 anos. (A. Kandimba)


A vida no tempo colonial

Para Oscar Kandimba


Durante muitos anos de guerra e de tráfico de escravos, os portugueses foram preparando o caminho para a colonização.

Contudo, os colonialistas portugueses só há cerca de 70 anos ( escrito nos anos 60)conseguiram fazer a ocupação militar de todo o território para melhor exploraram diretamente as riquezas e abafar as revoltas. Nessa altura, deixaram de fazer o comércio de escravos, mas em seu lugar surgiu o trabalho forçado, uma das características mais dominantes nas colônias portuguesas.

O trabalho forçado, sobre a forma de contrato, consistia no seguinte: todo o indígena que não pudesse provar que trabalhara durante pelo menos seis meses no ano interior, estava sujeito ao trabalho forçado em proveito do Estado ou de patrões privados. O fazendeiro quando precisasse de mão-de-obra requeria-a ao Governo.

Por sua vez, o chefe de posto ou outro administrador da região, mandava o angariador reunir na Sanzala (aldeia) o número de homens soliticados.
Estes desgraçados deixavam as suas famílias e iam para terras distantes trabalhar: nas grandes roças de café e cacau em São Tomé. Nas indústrias pesqueiras da baia dos tigres; nos extensos campos de sisal, algodão, no corte de madeira, etc.

Em compensação recebiam salário de miséria, maus tratos, pois mesmos doentes nunca deixavam de trabalhar. O dono não se preocupava com os trabalhadores assim alugados.

No caso de morte o Estado fornecia outro trabalhador.

Os homens que resistiam ao trabalho regressavam sem nada, pois o fazendeiro era também proprietário de uma cantina onde o trabalhador era obrigado a gastar o salário de miséria. Muitos depois não mais voltam as suas terras, ou por terem contraído dívida ou por morte.

Havia ainda os trabalhadores voluntários que, lutando pela sobrevivência, pois a fome dizimava o povo, eram obrigados a assalariar-se. Era isso que o governo colonial queria, porque desse modo o salário era muito mais baixo que o do contratado, e as horas de trabalho estipuladas ao gosto do fazendeiro ou outro proprietário.

O trabalho nas estradas era feito por mulheres, moçinhas, crianças e velhos das Sanzalas.

Não havia um pouco de compaixão pelas mulheres grávidas ou com filhos as costas.

O trabalho não era pago. A alimentação e até os instrumentos eram levados pelo próprio explorado.

Esta foi a época de maior exploração das riquezas de Angola e do seu próprio povo. As rusgas humilhantes, as prisões vergonhosas e desumanas, o desemprego, os impostos, os desterros, o açambarcamento dos bens do povo, a miséria, as perseguições feitas nas cidades e povoações pelas administrações, chefes de posto e policia, nas Sanzalas e quimbos (comunidades) pelos regedores e capatazes, tudo isso tornou impossível o povo suportar a vida triste e dura imposta pelo Estado colonial.


11 de Novembro de 1975, Independência de Angola.


... o "último" soldado português em Angola transportando a bandeira nacional ....



Sunday, 29 January 2012

Kianda de Luanda


Foto:Bessanganas de Luanda

"Minha mãe a sereia me agarrou...Minha mãe a sereia me agarrou...Pelo cordão de ouro...Pelo cordão de ouro...Tum Tum sereia...Tum Tum sereia."


E foi assim, através desta melodia sussurrada dos lábios da minha mãe, quase sempre em noites completas e fechadas, que me viciei das estórias e lendas místicas africanas. Eu, caçulo, fixado nos espíritos dos contos, alimentando-me por completo de ensinos da vida, sobre o amor, a dor, a inveja, a traição, a amizade, a lealdade, a couragem e o medo.

Porém, era sempre o medo que mais me tocava.

Mas a Kianda não faz mal a ninguém, cansa-se de afirmar o velho Soba, o soberano dos AxiLuandas, os nativos da ilha de Luanda em Angola.

...Kianda é uma divindade das águas, protectora dos pescadores.

Conta a lenda que a ondulação do mar mantém importância decisiva na pesca e no abrandar das tempestades. Se haver falta de peixes ou bastante agitação do mar, é sinal de que a Kianda está descontente com os pescadores. Quando assim acontece tem que se realizar uma cerimónia que reúne toda a comunidade da Ilha.

E do mesmo sábio, o Soba, transmitem-se informações de geração a geração, tais como existem doenças que só podem ser curadas pela Kianda; Por exemplo, mulheres que concebem e não conseguem dar a luz.

De igual modo, existem “trabalhos” feitos secretamente na calada da noite, com a autorização e o conhecimento das mais velhas, Bessanganas*, as mulheres de respeito, devotas e guardiãs dos ritos e das tradições.



Elas fazem sempre oferendas a Kianda, oferecendo do mais valioso na exigência da divindade.


Hoje, eu chego a conclusão que o medo que sentia, já superado, foi, e sempre será uma estratégia dos Kotas, os mais velhos, para que as crianças cresçam maduras e conscientes das forças que devem ser temidas, respeitadas e homenageadas.


Bessanganas do português “bença ou benção” .
Nga...Ngana = Senhora (Kimbundu).

Bessangana...A sua benção senhora.

A. Kandimba

Adaptações de contos tradicionais, de Mario Domingos Francisco e Felipe Miguel.

Sunday, 22 January 2012

“Eu sou da nação de Quissamã”


A história dum povo é um diamante.
Uma pedra preciosa, rica e vibrante,
que por sua beleza, raridade e resistencia deslumbrante,
nós eleva com asas de luz viva e cintilante.

(A. Kandimba)


O “Roteiro dos Sete Capitães”, escrito por Miguel Aires Maldonado, conta que o nome “Quissamã” (Estado do Rio de Janeiro), foi dado à região em sua viagem de exploração no ano de 1632.

Na sesmaria que os Sete Capitães tinham recebido, havia um aldeamento de índios Goitacases conhecido como Aldeia Nova. Ao chegarem para conhecer o local, eles foram recepcionados por um grupo de índios e um negro que vivia entre eles.

Os exploradores ficaram perplexos ao verem aquele negro morando por la’.

Ao lhe indagarem quem era e como viera parar ali, ele respondeu que era forro (escravo liberto); ao perguntarem se era crioulo (nascido no Brasil), ele respondeu que era da nação de Quissamã.

No dia seguinte, o negro, que talvez fosse um escravo fugitivo, desapareceu e nunca mais foi visto. (Historico/Quissamã)



Em Angola, Quiçama é um município da província do Bengo ao sul de Luanda, capital do pais. E’o nome do maior parque nacional e foi o reino do povo Sama ou Kissama, fronteiriço com o Reino do Kongo.

Foto: Rei Kahala, dos Kissamas em Angola.

Sunday, 8 January 2012

MANDOMBE, a escrita dos negros


“ Wabeladio Payi, na altura um jovem católico congolês, teve uma revelação através da qual recebeu os rudimentos da escrita mandombe...A escrita dos negros.”




As chamas do antigo Império do Kongo, uns dos maiores reinos Africanos fundado no século XIII, estão longe de serem extintas e prosseguem a provocar admiração, espetáculos maravilhosos e intervenções de forças estranhas.

Mandombe, literalmente «para os negros», «à maneira dos negros» ou «o que pertence aos negros», ao meu querer, destaca-se como um dos frutos colhidos das sementes de resistência cultural, plantadas durante os primeiros contactos entre os povos Kongo e os navegadores e missionários Europeus. Portugueses expecificamente.

Wabeladio Payi, o fundador do sistema Mandombe (1978), afirma ter sido visitado pelo espírito do profeta Simon Kimbangu, comunicando-o que:

“Eu vou-lhe atribuir uma missão para o povo negro”

...Que depois desenvolveu engenhosamente, e que o levou a converter-se à religião kimbanguista.


Eu morei perto de uma igreja Kimbanguista em Luanda e ainda me sinto enfeitiçado pelos seus sinos e pelas simples melodias e harmonias do Gospel.

O Kimbaguismo (1921), pode-se afirmar que de uma certa forma nasceu das visões e ideologias relacionadas com o nacionalismo negro. Um movimento messiânico liderado por Simon Kimbangu (1890 - 1951), que buscava organizar a população do Congo Belga contra a cultura européia e as missões católicas.

De acordo com vários factos históricos escritos por capuchinhos (padres católicos), no início dos anos 1700, o Papa Clemente XI teria sido informado sobre as actividades e militâncias nacionalisticas no reino do Kongo, lideradas por uma jovem africana nascida em Mbanza Kongo, hoje parte da República de Angola.

A jovem teria entre os seus 18 e 22 anos de idade e era conhecida por Beatriz Kimpa Vita (1684-1706).

*Kimpa Vita foi uma profeta feminina popular no reino do Congo, uma precursora das figuras proféticas das igrejas independentes e a criadora de um movimento que utilizava os símbolos cristãos, mas revitalizou as raízes culturais tradicionais do Congo.

A segunda metade do século XVII foi caracterizada por uma desintegração cultural e um desarranjo político no Congo... Dentro desse vácuo cultural e político, diversos profetas messiânicos surgiram para proclamar suas visões sócio-religiosas. A mais importante entre eles foi Kimpa Vita, uma jovem moça que acreditava estar possuída pelo espírito de Santo Antônio de Pádua, um santo católico popular e realizador de milagres.

Ela começou a pregar na cidade congolesa de San Salvador, a qual declarou ser desejo de Deus que fosse novamente tornada capital. Seu apelo pela unidade obteve um grande apoio entre os camponeses, que migraram em massa para a cidade, identificada por Kimpa como a cidade bíblica Belém.
Ela disse a seus seguidores que Jesus, Maria e outros santos cristãos haviam sido realmente congoleses..

O movimento Antoniano, iniciado por Kimpa, sobreviveu a ela. O rei do Congo, Pedro IV, utilizou-o para unificar e renovar seu reino. As idéias de Kimpa perduraram entre os camponeses, aparecendo em diversos cultos messiânicos até que, dois séculos depois, tomou nova forma na pregação de Simon Kimbangu.
*(Norbert C. Brockman)


Hoje, o Mandombe ensinado nas escolas da igreja Kimbanguista em Angola, na República do Congo e na República Democrática do Congo, é uma das escritas africanas mais estudadas e conhecidas na África Central, usado para transcrever diversos idiomas do ramo Bantu, tais como o Suaíli tshiluba e o Kikongo.



Sejam quais forem as dúvida postas perante as as visões espirituais do povo Kongo nos últimos 400 anos, o sistema mandombe reflete o contínuo anúncio da libertação do homem negro, da opressão do colonialismo e subjugação branca.




Alphabeto mandombe:




Wabeladio Payi, e’ Professor na Université Simon Kimbangu, aonde o mesmo explica a origem e os desenvolvimentos deste alfabeto, ajudando-nos a perceber as lógicas culturais e religiosas subjacentes ao fenómeno.
wabeladio@mandombe.info

Wednesday, 4 January 2012

As mamãs da OMA

Eu lembro-me muito bem...

Mamã da Oma foi um termo que nós, as crianças e jovens de Angola, principalmente de Luanda, usavamos para identificar as mulheres ativas da OMA, Organização da Mulher de Angola.


Foi criada em 1962 como ala feminina do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa o país desde a sua independência de Portugal em 1975.

Elas, guerrilheiras do exército dentro e fora de Angola, também contribuíram para com a organização de campanhas de alfabetização, cuidados básicos de saúde e transportavam armamentos e alimentos a grandes distâncias.

Ocasionalmente vistas de lenço amarelo na cabeça, simbolizando a riqueza do país, camisa vermelha para o sangue derramado pelos angolanos durante as lutas pela independência e de saia preta, como simbolismo do povo africano, as suas vozes eram transmitidas através de cantares, batuques, danças e demonstrações.

Mas claro, não esquecer a Liga Independente de Mulheres Angolanas (LIMA), a ala feminina da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), fundada em 1973.

Tuesday, 27 December 2011

Kandandu, o abraço fraterno Angolano

Palavra gerada do Kimbundu da nossa gloriosa rainha Ginga, a indisputável guerreira e N’gola (soberana) dos reinos Matamba e N’Dongo.

Não é apenas um mero abrir e fechar de braços...E’ um recado spiritual, prezado em sentidos, digno de estima, pilar da nossa humildade e hospitalidade perante um Ntu (ser humano).

Referente ao nosso respeito mútuo, filosofias, éticas e estéticas, poesias e conhecimentos científicos do mundo, através da nossa herança e sabedoria ancestral Africana.

Ka = o , a....Ndandu = Parente, primo (a).


Um Kandandu para todos, boas entradas...Feliz Ano novo.
A. Kandimba

*Ngola (plur. jingola) – Pedaço de ferro que a maioria das linhagens Mbundu detinha como importante insígnia de autoridade, a qual substituíu o lunga, estando associada ao povo Samba (Luanda); termo vulgarmente aplicável para designar o seu detentor, ou seja, o Rei/Rainha (t. kimbundu).

(www.multiculturas.com)

Tuesday, 20 December 2011

Para a Princesa, uma coroa e um Berimbau

O olhar e a aparência dominante por detrás dos cachimbos das mulheres do Sudeste Africano, são uma reflexão do poder feminino Bantu-Nguni.

E Apesar das inumeráveis estórias que transmitem a nova geração, não existem maiores contos do que as suas contribuições para com a cultura tradicional e contemporânea.

Princesa Magogo


A Dona Constance Magogo Dinuzulu foi uma Princesa Zulu, música, poetisa e uma autoridade em história, tradições e folclore do seu povo.

Nascida em 1900, foi filha da Rainha Silomo e do Rei Dinuzulu, neta do Rei Cetshwayo que foi uns dos sobrinhos do mais famoso rei do império Zulu, Shaka Zulu.

Ela foi uma compositora de música clássica Europeia e uma perita tocadora do berimbau tradicional (ugubhu), igualmente como o berimbau de boca (isithontolo).

Herdeira dos arcos músicas através de sete rainhas, as suas avós, a princesa continuou a desenvolver a sua carreira musical após casar-se, afirmando que foi um dos maiores desafios da sua vida.

O seu trabalho foi feito em grande parte das canções existentes e contos Zulu e ela estendeu-los em música acompanhada pelo ugubhu.

Falecida em 21 de Novembro de 1984, a princesa foi postumamente condecorada com a Ordem Nacional Sul-Africana de Ikhamanga em ouro, por uma vida de composição musical prolífica e um excelente contributo para com a preservação e valorização da música tradicional Sul Africana em dezembro de 2003.


A sua família: O irmão do seu bisavô, Rei Shaka Zulu (1787-1828); o seu avô Rei Cetshwayo (1826-1884) e o seu pai Rei Dinuzulu (1868-1913).

"Entre Gungas e kalungas"
A. Kandimba

Friday, 11 November 2011

Alfa Beta e a escravidão Indígena




Reparando bem essa de que índios eram rebeldes por isso não eram escravos soa ignorância é como tentar acreditar que zumbi se criou com valores católicos, queria saber qual é a intenção dessa versão esdrúxula.
Maicon Jackle



Confesso que como descendente de Africanos nunca me conformei, e quase se tornou num ditado popular, com a afirmação que os índios não aceitaram ser escravizados, ou que eles se suicidaram para jamais serem jubjugados nas suas propriás terras.

Parece-me que o peso da vergonha da tirania de ser propriedade e estar sob o poder absoluto dos então chamados senhores, foi cuidadosamente ponderado sobre a raça negra...

Com tais afirmações injustificadas, sinto que nós Africanos, os negros que foram sequestrados das nossas terras, basicamente teriamo-nos sentido confortáveis perante a humiliacão e tratamento sub-humano durante séculos, neste planeta chamado de terra.

Seria desumano negar o genocídio racial dos nativos dos continentes Americanos. Ao mesmo tempo e pelo mesmo caminho, eu me questiono:

-Quem escreveu a história?
-Terá sido o mesmo sistema que dizimo-los?

A. Kandimba

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Por Najla (9ºAno) Dia 1º de abril é o dia da abolição da escravidão dos índios!


“A escravidão pode ser definida como o sistema de trabalho no qual o indivíduo (o escravo) é propriedade de outro, podendo ser vendido, doado, emprestado, alugado, hipotecado, confiscado. Legalmente, o escravo não tem direito: não pode possuir ou doar bens e nem iniciar processos judiciais, mas pode ser castigado e punido.

Chegando ao Brasil, no século XVI, os portugueses encontraram diversas tribos indígenas. Os índios plantavam mandioca, algodão e milho. Alimentavam-se com o produto do que plantavam, e ainda, com a caça e a pesca. Teciam com algodão e trabalhavam a cerâmica. Tinham uma vida livre e autônoma e boas relações com os portugueses. Por isso, quando iniciou a exploração do pau-brasil, os índios ajudavam os portugueses, derrubando árvores e levando-as aos portos de embarque, trabalho grande e sem justa remuneração.

Iniciando a colonização do Brasil, os portugueses começaram a expulsar os nativos da terra, a capturar os índios, transformando-os em escravos, mão de obra mais barata do que os negros. Nesta escravidão, os índios foram vítimas da violência à sua dignidade e a perda da liberdade. A escravidão indígena começou em 1534 e foi até 1755. O fim desta escravidão se deu através das leis de 1755 e 1758.

O índio só deixou de ser escravo, quando existiram condições econômicas para comprar negros. Os trabalhos de catequese dos jesuítas se opunham à escravidão.




Para o desempenho dessas atividades econômicas, a mão de obra indígena era barata e essencial. A abolição da escravidão indígena ocorreu somente de forma definitiva depois, por iniciativa do Marquês de Pombal. Primeiro, por lei de 6 de junho de 1755, válida para o Estado do Grão-Pará e Maranhão. Depois, em 1758, a medida foi ampliada, por alvará, para o Brasil todo.

Hoje, em todo o país, os índios se distribuem por 556 áreas distintas, e ocupam uma superfície total de 83.507.923 hectares – o equivalente a 9,81% do território nacional.

Calcula-se que existam no Brasil 215 etnias indígenas conhecidas, com uma população total de 325.652 pessoas (dados de 1997). A quantidade exata, no entanto, é muito maior, pois existem inúmeras sociedades isoladas e desconhecidas.


Obs.: Alguns sites apresentam o dia 1o de abril de 1680 como o Dia da Abolição da Escravidão Indígena. Nesta data, o rei de Portugal publicou mais uma lei que acabava com o cativeiro dos índios no Brasil. Para o professor José Ribamar Bessa Freire, a lei foi mais uma “pegadinha” de 1o de abril e fez parte da luta entre colonos e jesuítas pelo controle da mão de obra nativa.”

Monday, 31 October 2011

AfroCariocas




Português e Inglês (Portuguese & English)

AfroCariocas

A fim de combater o racismo e as desigualdades economicas e sociais dos negros, o ano de 2011 foi nomeado pela ONU (Organização das Nações Unidas)como o ano internacional dos descendentes de Africanos.

Depoimentos sobre a experiência de quatro negros, nativos da cidade do Rio de Janeiro e uma estudande nigeriana.

Apoie o projeto kandimbafilms@gmail.com
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English

In order to combat racism, economic and social inequalities, the year 2011 has been appointed by the UN (United Nations) as the International Year of African descendents.

The experience of four black people, natives of the city of Rio de Janeiro and a Nigerian student.

Support the project kandimbafilms@gmail.com

Website:
http://kandimbafilms.wix.com/afrocariocas

Sunday, 25 September 2011

“A vingança das carapinhas, afros, black powers, crespos e dreadlocks”...Trança-se os cabelos mas não os miolos: PARTE 4-FINAL

Foto: Camella Wilson
Um dia, em tempos já muito remotos, quando os animais e os homens ainda eram todos bons e não faziam mal uns aos outros, a Na Ndumba foi procurar a Na Mbalu 
e disse-lhe:

 - Salve, Senhor Coelho. 

- Salve também a vós, Senhora Leoa.

(adaptação da fábula lunda/chokwe, Angola)



O episódio deu-se durante a minha infância, academia das minhas inspirações e sinfonia das minhas idéias.

Após uma refeição na casa de amigos, a família, o pai, a mãe e três filhos, terminaram por satisfazer as suas curiosidades e desejos, trocando de vez em acariciar a minha pele.

Estranhamente, não teria sido a primeira vez.
E a mesma fascinação foi prolongada pelo tocar e o amaciar dos meus cabelos, em admiração deslumbrante!

Fui testemunha do brilho, da luz viva e da vivacidade de espíritos nos seus rostos.

Senti-me como um objeto....sagrado!


A futuridade trouxe muitas outras experiências, mas nem todas foram do meu agrado.

Os nossos cabelos encaracolados, por vezes recusados por nós próprios, nos idiomas dos nossos antepassados refletem um respeito profundo e dignidade da nossa aparência.

Desde o idioma Suazi ao Swahili, o significado da palavra cabelo é usado no mesmo contexto que o algodão, lã ou colmeia (cortiço de abelhas preparada naturalmente por elas).

Em Angola, existem vários povos bantos que denominam as nossas carapinhas, afros, black powers, crespos e dreadlocks, divinamente de Kindumba.

“Ki” sendo um prefixo de aumento e “Ndumba” a palavra para identificar o destemido Rei Leão.

Kindumba, a juba do leão, cabelo de negro...


A palavra é usada para ambos os sexos, sendo um dos símbolos favoritos de beleza e liderança entre muitos  povos africanos.

Sinônimo com guerreiros e imperadores, riqueza, poder, autoridade, fraternidade, fortes laços familiares, força, coragem, energia, auto-realização, energia feminina, cooperação, comunidade, criatividade, intuituição, imaginação, auto-controle, força pessoal, equilíbrio, lealdade, justiça, sabedoria, ferocidade, sol nascente, enfim...

                                         Foto: Marianne Rocha

Nós somos reis e rainhas, príncipes e princesas e os cabelos que nos acompanham desde o dia em que nascemos são as nossas coroas.

Não devemos permitir nem adotar doutrinas, modos de vida ou religiões, em que somos impedidos de reverenciar os nossos ancestrais.

Que seja o nosso dever infinito e obrigação em honrá-los,  juntamente com os legados herdados, começando por reconhecer e valorizar as nossas expressões culturais em todo esplendor.


"Enquanto o leão não contar a sua história, a glória será sempre do caçador"  Proverbo africano.

 

Thursday, 22 September 2011

Trança-se os cabelos mas não os miolos PARTE 3

“Toda mulher negra tem uma estória sobre tranças com missangas coloridas ou de búzios.”


A Dona Carmen  Wijk é uma vizinha idosa, neta de escravos do suriname, antiga Guiana Holandesa, no sul do continente Americano.

Com 86 anos de idade, tem mais de mil estória que contar, claro.

Qualquer audiência serve e os relatos são quase sempre infinitos.

O que mais me impressiona sobre ela, seria uma das suas fotos dos tempos de outrora, que insiste, de um modo repetitivo, em me mostrar.




O retrato é de uma avó africana, conhecida entre familiares como avó Cambuta. A avó Cambuta ensinou-lhe a manha de entrelaçar os cabelos.

De acordo com a Dona Carmen, por mais negativa que a experiência tivesse sido para algumas meninas, as mulheres das famílias plantaram nelas o que viria a ser um ponto crucial no reencontro com as suas raizes africanas.

A senhora procedeu em contar que todas as suas filhas, netas e bisnetas fizeram e ainda fazem uso das missangas, de acordo com as suas cores preferidas, refletindo as suas personalidades.

Adoro quando ela recita o que considero poesia:


“Quem não se lembra do Mister I just called to say I love you e as
suas tranças com missangas e pedaços de bambu? O Stevie foi um dos motores por detrás do nosso orgulho...Ai daquele que me vier falar mal dele!”.


São tantas as perguntas que me faz, quase sem deixar espaço para respostas, que da última vez que me encontrei com umas das suas netas, dei-lhe um pedaço de papel com todas as informações que conheço.

Nota:

Cara Dona Carmen Wijk ,

Na diversidade e agilidade da vida, nem sempre somos sortudos em encontrar explicações para tudo que seja parte do nosso cotidiano.

Mas as missangas, como os búzios, sempre fizeram parte da expressão da nossa beleza.

Achei fantástico quando mencionou que todas as suas filhas, netas e bisnetas usam missangas de acordo com as suas cores preferidas e que refletem as suas personalidades.

Desde os povos Kwanyamas do sul de Angola, aos Xhosas e Zulus da África do Sul, existem códigos complexos usando missangas coloridas.



Por exemplo, a cor Verde=contentamento e nova vida; Branco=amor spiritual, pureza; Preto= casamento, renascimento,idade e sabedoria; Amarelo= riqueza, fertilidade; Rosa= promesa; Azul=fidelidade e solicitação e Vermelho= amor, realeza e forte emoção.




Em relação aos búzios, a parte detrás de uma concha se assemelha a um órgão sexual feminino. 
A parte frontal é moldada como o abdômen de uma mulher grávida. 

O significado não é erótico, mas representa o milagre da vida.


Espiritualmente, segundo a lenda Africana, a atração aos búzios, nos liga a um espirito do oceano da riqueza e da terra. 

Também representa a protecção de uma Deusa poderosa.


Em quase toda a África tradicional, o búzio simboliza o poder do
destino e da prosperidade, humildade e respeito.

Antes que me esqueça, o nome da sua avó Cambuta, significa uma pessoa muito energética e de estatura baixa, no idioma kimbundu do norte e do centro de Angola.


Agradeço a sua atenção.

A. Kandimba



Duvido que seja novidade para tal idade e sabedoria, mas quem sabe!

Thursday, 15 September 2011

Trança-se os cabelos mas não os miolos Part 2

Foto: Leticia Enne













Para os bem intencionados leitores da primeira crônica…

O encanto de entrelaçar cabelos é uma arte de fascinar serpentes. E como tal, require inúmeras horas de dedicação, concentração e imaginação do artista.
Elas transmitem uma mensagem cultural desde as descobertas das pinturas nas montanhas do deserto de Sahara, cerca de 3000 A.C., no Norte de África.

Expressões religiosas, laços de consanguinidade e de aliança, posições sociais, idade e identidade étnica, fazem parte do atributo vasto e do simbolismo do cabelo trançado.



Sona (plural de lusona),  são desenhos geométricos feitos com um só traço, oriundos de uma grande tradição angolana dos povos Lunda-Chokwe e que ilustram provérbios, fábulas, jogos, animais, enigmas e matemática.

Citados recentemente pelo cientista e pesquisador matemático norte Americano, Dr. Ron Eglash , após intensas pesquisas em diversas sociedades tradicionais Africanas, o cientista realçou, o que tem sido essencialmente praticado e transmitido a centenas de anos e de geração a geração, que uma grande parte dos desenhos culturais são realmente baseados em princípios matemáticos.

E como qualquer outra arte africana, as tranças e penteados, demostram  o uso de diversos conceptos como geometria, a tradução, a rotação, a refleção e a dilatação.

O título, “trança-se os cabelos mas não os miolos”,  exclue qualquer sentimento nacionalístico. Basea-se numa mensagem e troca de ideias dirigidas a todos, principalmente para os que mais fazem uso delas, os Africanos do continente e os negros das diásporas.

Realmente existem tranças, e de uma presença robusta, que refletem modelos vindos da África Ocidental (Nigéria, Benin, etc). Tal fato jamais será negado!

Mas o meu manifesto foi e persiste, que nem todas pertencem exclusivamente a matriz cultural academicamente denominada  de Yoruba - Nagô.

Foi uma importante propaganda para as tranças no Brasil. Foi nos anos 70. Foi a época que esta ideia ‘supremacia Nagô’ ficou popular no Mov. Negro. Tudo passou a ser ‘Nagô’ nesta época.
Spirito Santo

As tranças especificamente denominadas de Nagô , são uma expressão típica da nossa negritude. Encontram-se com variedades em quase todos cantos do continente africano, como igualmente nas suas diásporas.

Elas fizeram parte do Império da Etiópia, desde a história bíblica sobre a rainha Sheba (também conhecida por Makeda) e do Rei Salomão.

Os Etiopos são dos povos Africanos que mais as cultam, chamando-as de  Sheruba. ( ver pintura antiga)






A Imperatriz  Taytu Betul (c. 1851 –  1918), esposa do Imperador Menelik II e os  Imperadores Tewodros II (c.1818-1868) e  Yohannes IV (1837 – 1889) , teriam sido os que mais reforçaram a popularidade das mesmas tranças, fazendo-as de uma certa forma, um símbolo de realeza.

A Imperatriz  Taytu Betul (c.1851–1918), esposa do Imperador Menelik II.
O  Imperador Tewodros II (c.1818-1868).











Emperador Yohannes IV (1837 – 1889).












AtitudesNegra Tranças, Rio de Janeiro : acredito, mas na sua opinião qual seria o nome correto para as tranças?

Não declaro que possuo os nomes “corretos” de tranças e penteados, mas sem dúvidas que existem outras opções mais apuradas.

Encontro-me longe das intenções de disvalorizar os trabalhos e projetos orgulhosamente realizados ao longo dos anos, por descendentendes de africanos nas suas respetivas comunidades.

Ao contrário! A continuaçao da herança de trançar os cabelos, tem sido um dos pilares mais visíveis e efetivos na questão da auto estima, ligação ancestral e reafirmação de identidades.


O que de uma maneira comum se chama de tranças Nagô, apesar de refletir objectos de tecer, possue fortes assemelhações e vínculos históricos e culturais com o grão que se faz fubá, o milho.

Fúba em Angola.

Os negros norte Americanos optaram desde os anos 50, por identificar as tranças simplesmente e de uma certa forma mais próxima do pensamento dos seus antepassados, de cornrows, Linhas de milho...tranças de milho.

“Seu cabelo, seu estilo”


































Trança-se os cabelos mas não os miolos...PARTE 1


Denominar  estas tranças  simplesmente de nagô e’ RIDICULO! Digno de riso e merecedor de escárnio.

Sei que na África tradicional tranças teem significados importantissimos e refletem eventos na vida de pessoas. Mas este tipo de tranças são feitas em vários lugares e culturas no continente.

Não pertencem apenas a uma etnia ou área geográfica!

Nagô e’ uma expressão que identifica povos,cultura, saberes e rituais da África do norte (sudão) e do Ocidente , principalmente nas diásporas como Brasil e Cuba.

Ora, os negros do Brasil e de Cuba são de maioria descendentes de povos vindos de Angola e do Congo (bantus)...A escolha de identificar as tranças como nagô e’ de muito mau gosto.

O nagôcentrismo como o racismo e’ estrutural...