Thursday 27 December 2012

2013





"A minha voz, 
provocadora,
 meiga, 
hostil
 e doce, 
continua a ser o meu direito"  
(A. Kandimba)

Friday 21 December 2012

Parte 2: Cosmologia, mitologia e religiosidade dos povos do deserto de Kalahari

San/Khoisan é um grupo étnico no sudeste do continente Africano. Os povos Khoisan, Bosquimanos em português, eram os habitantes originais da grande parte da África do Sul, Botswana, Namíbia e Angola, portanto, a prática religiosa dessas pessoas foi a primeira religião sul Africana, e provavelmente a mais antiga da família humana. Algumas das crenças tradicionais Khoisan e práticas ainda são observadas, mas a maioria das suas crenças foram substancialmente erodidas por europeus (através dos primeiros missionários).


Para ler o primeiro texto, Parte 1, clicar:
http://kandimbafilms.blogspot.nl/2012/12/cosmologia-mitologia-e-religiosidade.html

Mitologia Khoisan (aspectos básicos) Cagn Cagn (Kaang ou Kaggen) é o deus supremo dos Khoisan/Bosquímanos do sul da África. Ele é o primeiro ser e o criador do mundo. Um deus astucio que pode mudar de forma, na maioria das vezes em forma de um louva-deus, mas também assume a forma de um touro, um piolho, uma cobra, e uma lagarta. Nas variadas histórias da criação Khoisan, Cagn recebe tanta oposição no mundo que decidiu deixar a terra e fez a sua moradia no extremo do céu.
Mitologicamente, Cagn criou a lua, que tem um significado especial para o povo. Os Khoisan são considerados como o povo da lua - a lua sendo o principal objecto de adoração e inspiração.
Por isso, ao longo das suas vidas, eles realizam danças de transe em círculos concêntricos, invocando o poder da lua...


Coti

Coti é a esposa de Cagn. Ela deu à luz a um touro, tendo Cagn lhe escondido perto de uma rocha isolada para deixá-lo crescer. Um certo dia, os filhos de Cagn, Cogaz e Gewi, estavam caçando. Não sabendo sobre o amor que o seu pai tinha pelo touro, mataram-o. Ao saber, Cagn ficou tão decepcionado e com tanta raiva, que ordenou o Gewi a colocar o sangue do touro em uma bacia para ser agitado. O sangue derramou-se da bacia para o chão e se transformou em cobras.

Ao ver o seu pai descontente, Gewi dispersou o sangue, e o sangue se transformou em um Búbalu, uma espécie de antílope africano. Cagn continuou infeliz. Coti, a esposa, sabendo que era o desejo do marido,  limpou a bacia, tendo colocado o sangue do touro com a gordura do coração. Depois de ela ter agitado a bacia, Cagn, o seu marido, regou o solo. Tudo se transformou em uma grande manada de antílopes. E  foi assim que Cagn deu a carne para o seu povo, ate’ hoje, caçar e se alimentar.

Para os bosquímanos, os antílopes tornaram-se animais selvagens pelo fato que o primeiro foi morto, sem estar pronto para ser caçado.


Heitsi-eibib

Heitsi-eibib é geralmente visto como um herói da cultura, mas o seu papel é fluido. Ele é às vezes chamado de malandro. Em outros contextos, ele aparece como um patrono dos caçadores e em algumas histórias, ele teve uma parte na criação do mundo, impressionando características específicas em espécies diferentes. Por exemplo, ele não permitiu o leão voar e fazer ninhos em  árvores.  Em vez, tornou-lhe numa fera terrestre.
Os múltiplos papéis de Heitsi-eibib são considerados reflexões da fluidez dos recursos religiosos e rituais dos Khoisan, que são normalmente ambíguos e quase sem padronização.

Heitsi-eibib também era uma figura da vida, da morte e renascimento, morrendo e ressuscitando-se em numerosas ocasiões. Resultante desta, as sepulturas do seu funeral podem ser encontradas em diversões locais do sul da África, e é costume jogar uma pedra nelas para dar sorte. Em outras circunstancias, Heitsi-eibib nasce a partir de uma jovem ou, mais frequentemente, de uma vaca, que ficou grávida por comer uma erva mágica.

Heitsi-eibib foi um lendário caçador, curandeiro, e guerreiro.



Tsui'goab

Tsui'goab é uma divindade do céu associada aos fenómenos de trovões e relâmpagos. Ele habita em um céu vermelho localizado  no leste, em oposição ao céu escuro de Gaunab.

Gaunab é um deus da doença e da morte que está eternamente trancado em constante batalha com Tsui'goab.

(Tradução: A. Kandimba)


Fontes:http://www.answers.com/topic/kaang#cite_note-24
http://khoisan.org/religion.htm
http://www.willemboshoff.com/documents/artworks/moonwords.htm

Wednesday 12 December 2012

Cosmologia, mitologia e religiosidade dos povos do deserto de Kalahari: Parte 1

Visualizar um louva-deus significa que os espíritos divinos - simbolizados pelo sol, a lua, a estrela da manhã e da cruz do sul - estão a enviar uma mensagem importante que necessita de ser interpretada. Dançando perto de um fogo sagrado dá o poder de curar. 





 As colinas Tsodilo foram criadas pelo Grande e todo poderoso  Deus, Goaxa.
O sítio arqueológico de Tsodilo, no noroeste do Botswana, em pleno deserto do Kalahari, exibe uma das mais importantes colecções de arte rupestre do mundo e já foi chamado o “Louvre do Deserto”. Mais de 4500 pinturas bem conservadas numa área de apenas 10 km2 e outros achados arqueológicos fornecem um retrato cronológico das actividades humanas e das mudanças ambientais ao longo de cerca de cem mil anos. As comunidades locais respeitam este local, que acreditam frequentado pelos espíritos dos antepassados.
As colinas tem um significado religioso para o povo San, que acreditam que as várias cavernas na Colina femenina são o local do descanso eterno dos falecidos deuses que governaram o mundo desde este local. O local mais sagrado é perto da Colina Masculina, onde o primeiro espírito se ajoelhou e rezou após ter criado o mundo. Os San acreditam que as marcas dos joelhos do primeiro espírito ainda são visíveis hoje.”

Patrimônio Mundial da UNESCO no Botswana




Entre os iKung, há um profundo sentimento de que o mundo espiritual é uma parte de todos os aspectos da vida. Ela determina a morte, a saúde, bem como a abundância de comida e água. Acredita-se que a desgraça, a morte ou a doença são resultados de flechas invisíveis lançadas por espíritos.


A Dança ritualística é utilizada para trazer sorte durante a caça, a cura, a doença, trazer chuvas, bem como para cerimônias religiosas.
Na remoção de maus espíritos, uma dança de cura e’ executada. Durante o ritual, eles dançam em volta de uma fogueira até chegarem a um estado de transe que ativa uma força poderosa, um meio de cura social e de ligação comunial chamada “N / Um”. Neste mesmo estado, eles são capazes de curar a todos ao redor do fogo.

N/Um, refere-se à medicina, energia, poder, habilidade especial, o sangue menstrual, e magia. Acredita-se que o N/Um é ativado através de danças de cura que começam depois do pôr do sol.


Curandeiros

Os líderes espirituais  iKung são considerados adivinhos e curandeiros. Em teoria, tanto homens como mulheres podem se tornar curandeiros, passando por um aprendizado com um curandeiro experiente. O curador usa transes tanto para curar, como para se comunicar com os seus antepassados.


Perspetiva funcionalista &  simbólica.

Funcionalmente, a religião serve a muitos propósitos na cultura iKung. Os rituais fornecem uma experiência de união e de serviços médicos à comunidade. Os papéis dos homens e mulheres se tornam muito evidentes do ponto de vista das cerimônias religiosas (ou funções que as pessoas desempenham nestas cerimônias). As mulheres servem como uma estrutura de apoio para permitir que os curandeiros do sexo masculino alcançem, com segurança, os seus estados de poder e realizar os rituais necessários.

A religião é uma parte muito importante na vida de um iKung! Existe o padrão de simbologia religiosa (por exemplo, símbolos divinos que representam várias divindades), mas a religião também representa uma forma em que um iKung pode interagir com o mundo espiritual, visualizando curandeiros como um caminho de comunicação com os seus antepassados​​.

Os iKung são uma divisão do grupo étnico Khoisan.
San/Khoisan é  grupo étnico no sudeste do continente Africano. Os povos Khoisan eram os habitantes originais de grande parte da África do Sul, Botswana, Namíbia e Angola, portanto, a prática religiosa dessas pessoas foi a primeira religião sul Africana, e provavelmente a mais antiga da família humana. Algumas das crenças tradicionais Khoisan e práticas ainda são observadas, mas a maioria das suas crenças foram substancialmente erodidas por europeus (através dos primeiros missionários).


(Traduzido e postado por A. Kandimba)


Fontes: 20Religion; social-shadow.tripod.com/religion;

Fotos: Curandeira khoiSan (Wildlife)
           Tsodilo Hills (Safari-botswana.com)

Saturday 1 December 2012

Angola e' nossa disseram eles...

Não, não e’ apenas uma musiquinha,
arte de combinar os sons em harmonia.

E na sua amarga ironia, sangrenta melodia,
plantou-se as sementes de uma ideologia,

em que se colhem, hoje, em campos de genocídios,
os frutos de uma tal de lusofonia

(A. Kandimba)