Wednesday, 7 November 2012

Mama Ngoyi


“Sejamos corajosas: Ouvimos de homens que tremem nas suas calças, mas quem alguma vez ouviu de uma mulher que treme na sua saia?”





Frase afirmada em1954, por Lilian Masediba Ngoyi, no palco da conferência inaugural da Federação de Mulheres Sul-Africanas (FEDSAW).


E assim, sobre aplausos e risos, Ma Ngoyi, como era conhecida, uma  mãe viúva de três filhos de Orlando, em Joanesburgo, concluiu o seu discurso na forma típica, com a declaração de que toda a mulher Sul-Africana, independentemente da sua raça ou origem, deve estar disposta a morrer para o futuro dos seus filhos.


Nascida em 1911, em Pretória, Lilian Ngoyi tornou-se uma das principais luzes de protestos anti-apartheid. Em uma carreira política que durou três décadas, Ngoyi, uma costureira de profissão, foi presidente nacional da Federação de Mulheres Sul-Africanas, secretária-geral da Liga das Mulheres do ANC (Congresso nacional Africano), tornando-se a primeira mulher a ser eleita para um cargo no corpo principal do (ANC). 

Em Pretória, em 9 de Agosto de 1956, ela levaria os membros da Federação de Mulheres Sul-Africanas para as portas do “ Union Buildings”,  para apresentar petições de protesto contra as leis do passe, em nome das 20 mil mulheres de toda a África do sul,  que se reuniram do lado de fora. Mais tarde, e no mesmo ano, ela foi presa por alta traição, juntamente com outros 155 líderes e ativistas. Um evento que marcaria o início de uma sucessão de ordens de proibição e tentativas de censura destinadas para silenciá-la.

Em suas palavras e ações, Lilian Ngoyi, combinou as suas identidades como Africana, mulher, mãe e trabalhadora, para mobilizar as mulheres na luta contra o apartheid. 


Para Ngoyi, as restrições e limitações das leis do apartheid estavam no coração do sistema da supremacia branca. Portanto, era natural que as mulheres negras estivessem na vanguarda da resistência anti-apartheid. Ela destacou a forma como essas mesmas leis, através da restrição do movimento negro, dificultava as mulheres africanas e foram deliberadamente projetadas para corroer a família Africana e negar um futuro as crianças africanas.

Ngoyi dedicou a sua vida a luta contra estas medidas opressivas, para garantir um futuro melhor aos seus filhos e as crianças da África do Sul, tendo mobilizado uma marca da maternidade militante que pôs a nu a natureza opressiva do apartheid e permitindo, simultaneamente, abordar a situação específica das mulheres na África do Sul e as lutas mais amplas raciais contra o apartheid.


Em 1955, audaciosamente, ela embarcou em uma viagem altamente ilegal, para Suíça, tendo participado do Congresso Mundial de mães, organizado pela Federação Internacional Democrática das Mulheres (FDIM). Também viajou para a Inglaterra, Alemanha, Roménia, China e Rússia, antes de regressar a sua terra natal como uma mulher procurada.

Como resultado da sua rebeldia, ela foi constantemente monitorada pela polícia e nenhuma notícia dela foi autorizada a aparecer na imprensa. Foram impostas varias ordens de proibição, que duraram mais de 15 anos.  Ela foi proibida de se deslocar para fora do seu bairro, e não podia atender, ou se encontrar, com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, incluindo familiares.


     Foto:Rahima Moosa, Lilian Ngoyi, Helen Joseph, and Sophie Williams


Durante a marcha de 9 de Agosto de 1956, declarada desde então como o dia nacional da mulher Sul Africana,  as mulheres cantaram canções de liberdade, como Nkosi sikeleli Afrika. Mas a canção que se tornou o hino da marcha foi:

Abafazi wathint ', (Quando se bate em mulheres)
Imbokodo wathint ', (Se bate em uma rocha)
Uza Kufa! (Você será esmagado)



(A. Kandimba)



                               Lilian Masediba Ngoyi 1911-1980




Traduzido das seguintes fontes:

http://womenshistorynetwork.org/blog/?p=498

http://www.perfumepower.co.za/blog-27/womens-day-so-what-is-all-the-fuss-about
http://www.sahistory.org.za/content/leaders-1955-womens-march-holding-petitions-against-passes-0

1 comment:

  1. Para quem desconhece a história sobre a "lei do passe", a legislação exigia documentacao as pessoas africanas para "provar" que eles estavam autorizados de entrar em "áreas brancas" durante o regime do apartheid).

    A. Kandimba

    ReplyDelete