Os cadáveres dos escravos eram atirados em montes pela saida da cidade ou para os grandes quintais dos arredores.
Para acabar e evitar as epidemias, tomou o Rei a decisão de mandar abrir um poço (ou Vala) para funcionar como cemitério dos negros, já que quando morriam não tinham direito a serem enterrados nos espaços das Igrejas.”
(Ruas de Lisboa com alguma História)
Rua do Poço dos Negros - (c. 1900) - Fotógrafo não identificado (Senhoras passeando junto ao Palácio Flor da Murta) in AFML
De acordo com Júlio de Castilho, a origem deste topónimo pode encontrar-se numa carta régia de Dom Manuel I -13 de Novembro de 1515 -, pela qual o rei pedia à cidade de Lisboa que construísse um poço para colocar os corpos dos escravos mortos, sobretudo na época das epidemias.
Diz a carta que os escravos chegavam a ser lançados «no monturo que está junto da Cruz [de Pau a Santa Catarina] q[ue] esta no caminho q[ue] vai da porta de santa C[atari]na p[ar]a santos,» para a praia.
Para evitar as consequências dos cadáveres insepultos, o rei considerava «q[eu] ho milhor remedio sera fazer-se huu[m] poço, o mais fumdo que podese ser, no llugar que fose mais comvinhauel e de menos imcomvyniemte, no quall se llãçasem os ditos escravos» e que se deitasse «alguma camtidade de call virgem» de quando em quando para ajudar à decomposição dos corpos.
A Câmara de Lisboa teria cumprido a ordem do rei construindo um poço no caminho para Santos,
também conhecido como Horta Navia.
(Freguesia: Santa Catarina)
CASTILHO, Júlio de, A ribeira de Lisboa: descrição histórica da margem do Tejo desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho. IV Volume, Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1940, p.152.
CASTILHO, Júlio de, Bairro Alto. III e IV Volume, Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1940.
CASTILHO, Júlio de, Lisboa antiga: bairros orientais, IV, V, VII, XI, volume, Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1937.
Sobre o Valongo:
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