C. 1583 - Matamba, 17 de Dezembro de 1663
A rainha Nzingha/Jinga/Ginga foi uma soberana Angolana durante o seculo XVII, dos reinos de Ndongo e Matamba e, que deu a vida em prol da luta contra a invasão colonial portuguesa.
Foi do título real da mesma, Ngola, da lingua Kimbundu, que se denominou o país.
Existem diversas cartas escritas e ordenadas por ela. Cartas essas que foram registradas por missionarios capuchinos (ordem religiosa Italiana).
Neste dia 31 de Julho, dia Internacional da Mulher Africana, e' importante relembrar quem realmente a rainha foi. (A. kandimba).
Carta intregal de Nzinga Mbandi feita em 1626 a 03 de Fevereiro desde Kindonga:
«Eu
vos saúdo daqui de Kindonga, Sr. Bento Banha, aonde de certeza vós não
me achareis já. A mim e á minha corte comigo. estamos a caminho das
terras altas deste nosso rico país, lá para as montanhas. Aí, sim me
achareis. Mas de arco e lança na mão, e lanças peçonhentas, pois
continuaremos a apeçonhar as nossas lanças, e com a pior espécie de
peçonha que pode haver debaixo do céu. Rogo a v/fineza ide isso dizer ao
que vos manda.
Ao v/Governador, Sr. Fernão de Sousa. Ide dar-lhe este
meu recado. E dizei-le também que o nome de ANA DE SOUSA que o outro me
quis oferecer não pegou. Não podia pegar.
O mesmo sucede com as minhas
irmãs, a KAMBU não quer o nome de Bárbara, a Fuxi manda dizer que seu
nome é mesmo Fuxi. que ide aplicar o nome de Engrácia às vossas filhas
que is parindo, vós outros. Mau grado os esforços todos meus para uma
possível conciliação entre vós e nós, e nós, entre as vossas coisas e as
nossas.
Mas
gostaria eu de vos perguntar se já vos capacitastes todos de que estais
a bater-vos por uma razão de que nunca saireis vitoriosos. Talvez seja
melhor lembrar-vos de que os filhos de meu pai não desistirão jamais de
combater, hemos todos de lhe seguir o exemplo. A todo custo
defenderem-los a Independência e a liberdade da terra de nossos pais e
avós. O fogo dos nossos pais. Os filhos, as mulheres , os servos, os
bens. As nossas montanhas os vales, as campinas, as nossas matas. As
árvores, as mulembas, os rios. A nossa terra. Que adoramos de toda e
receamos que se venha a transformar para a vossa corrupta maneira de
ser, sabido que vencedores não nos sereis. Mesmo com um filho de nosso
pai a ajudar-vos, comboiando alguns bons dos nossos, hemos de vos
defrontar.
Armas não nos faltarão, e povos haverá neste mundo capaz de
acudir a um apelo nosso, para vos correr com ferro e fogo. Já que a bem
não quereis ir-vos daqui, e tão pouco querei portar-vos como um hóspede
se deve portar em casa alheia, ou um amigo em casa amiga. O meu povo não
quer cá na sua terra gente dessa natureza.
Juro
um ódio de morte a vós todos.
Ao v/Governador, à v/raça; à v/Igreja.
Aos v/Padres que trazem muito a Deus na boca, com a malvadez no coração.
Blasfemos! Feiticeiros! A v/arrogância está a ensinar-me que um outro
caminho não hemos nós de seguir que não este:fogo e ferro.
Termino desejando-vos a mais perfeita saúde, sr. Bento Banha Cardoso, para nos avistarmos um dia».
Ass): Nzinga Mbandi Ngola.
Foto: Rainha Nzingha Expo 2010 Shanghai, China (Damianne Presidente)
Fontes: Etumbuluko Lye Limi Lyumbundu
Para mais Informacoes em relacao as cartas escritas pela rainha, pesquise os trabalhos de John K. Thornton.
Outros links:
http://www.africafederation.net/Ndongo_History.htm
http://spiritosanto.wordpress.com/2012/06/20/preto-novo-preto-veio-na-pista-a-busca-do-lenitivo-da-dor/pipe-jinga-fuma-cachimbo/
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