"Em
Luanda e outros distritos de Angola, "o batuque consiste também num
círculo formado pelos dançadores, indo para o meio um homem ou uma
mulher, que, depois de executar vários passos, vão dar uma umbigada, a
que chamam de "semba", na pessoa que escolhe, a qual vai para o meio do
círculo, substituindo-o". Foi essa umbigada ou "semba" de onde
provavelmente se originou o termo "samba", de início tomado como
sinônimo de batuque." Alfredo Sarmento
O MABELO de Martinique, também conhecido como BÉLÉ nas ilhas Caribenhas de Dominica e Santa Lúcia, a PUÍTA das ilhas de São tomé e Príncipe, a REBITA de Luanda, Angola, o JONGO do Brasil, também chamado de CAXAMBU e TAMBU, e o KOLÂ SAN DJAN (unir/grudar no são João), por vezes chamado de da umbigada (dar umbigadas) ou sobâ, das Ilhas de Cabo Verde, fazem parte de um fenômeno de encontros e reencontros de umbigos entre dançarinos, caraterizado, mas não limitado, pela formação de duas linhas, mantendo a mãe África como sua principal origem e maior referência cultural.
O mundo das Umbigadas, herança marcante do ramo linguístico e cultural Bantu, levada para as americanas pelos povos de Angola e Moçambique, as suas estéticas e espiritualidades, sentimentos que nascem em nós, muito pouco explorados, e por vezes simplesmente jogados a escravidão, senzalas e cativeiros, enquanto que as outras, do mesmo continente e ascendência, são exageradamente postas aos pés da realeza e recheadas de contos nobres sobre reis e rainhas míticos, e por mais que a cultura ocidental no passado tentou-a desvalorizar, mantém até hoje uma porção do poder inerente e próprio do ventre.
Os povos africanos levados para o "novo mundo", trouxeram em suas mentes e almas, as suas filosofias culturais. A umbigada não nasceu em cativeiros e senzalas.
Os povos africanos levados para o "novo mundo", trouxeram em suas mentes e almas, as suas filosofias culturais. A umbigada não nasceu em cativeiros e senzalas.
O gesto "umbigo com umbigo" nao é apenas uma maneira tradicional de se cumprimentar.
Apesar do estereotípico pejorativo da evocaçao ao ato sexual, a África tradicional, ou melhor, diversos povos africanos reconhecem o ventre como uma fonte e ponto de acesso físico ao poder e força espiritual.Essa mesma fonte espiritual pode vir a fortificar a existência e resistência das umbigadas praticadas no continente africano e pelos seus descendentes na Diáspora, motivando pesquisas com mais vigor sobre esse fenômeno de matriz africana chamado de "umbigadas".
Pesquisa e texto: A. Kandimba
Clips:
Mabelo (Martinique & Caribe): https://www.youtube.com/watch?v=UtG2uLDEUUI
Puita (São Tome e Príncipe, África): https://www.youtube.com/watch?v=Sv9XOo70oM0Rebita (Angola): https://www.youtube.com/watch?v=YVAfWS9ADgE
Jongo (Brasil): https://www.youtube.com/watch?v=QKgaXb2bxPM
Batuque de Umbigada (Brasil): https://www.youtube.com/watch?v=8M3BNcQnZsUKola San Djan, Cabo Verde (Africa) : https://www.youtube.com/watch?v=zTU1Ck64tBA
Referencias: Lisa Sarasohn & Arlindo Rocha
Vim parar aqui após uma busca sobre a palavra Kandandu, e ... apreciei o blog. Já o adicionei ao meu «blogrolling». Aquele abraço, ou «Kandandu». :)
ReplyDeleteGratidao Fernando Silva. A sua desposicao.
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