Wednesday, 28 August 2013

Macumba: Um outro ponto de vista

Macumba: Um ponto de vista diferente em relação à palavra.




Os povos Chokwe (tchokwe, Quioco) são uma etnia Bantu que, ao se envolverem historicamente com o antigo reino de Lunda, hoje se encontram desde o nordeste de Angola até ao sul do país. No entanto, também habituam uma parte da República Democrática do Congo e da Zambia.


Os adivinhos, conhecidos como Nganga ou Tahi, geralmente mediam casos tais como, doenças, mortes, infortúnios ou má sorte, impotência ou infertilidade, roubos, etc, através de vários instrumentos religiosos, dentre os quais, o Lipele.


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O Lipele (Cesto de Advinhação)
Práticas de adivinhação são métodos de lidar com o desconhecido, usando poderes espirituais. Os sinais e símbolos utilizados são considerados elementos de comunicação directa com o reino dos espíritos. Entre os Chokwe, a prática de adivinhação ocupa um lugar dominante em suas vidas, através do qual buscam-se formas de entendimento e orientação para lidar com situações de morte, doença, mudança, acidente e até mesmo na tomada de decisões. O cesto de adivinhação, constitui um dos métodos mais comuns de adivinhação praticado na comunidade Chokwe. A cesta contém variadíssimos objectos simbólicos representativos de possíveis problemas e situações sociais do universo Chokwe. (Metropolitan Museum of Art - Art and Oracle)>




O Nganga, para conservar, guardar e transportar, “
variadíssimos objectos simbólicos representativos de possíveis problemas e situações sociais do universo Chokwe” , faz uso de um recipiente. Um Balaio. Um cesto grande com tampa, e tipicamente feito de palha.

O Balaio se chama de Kumba ou cumba.

A visão desse recipiente, no meu ponto de vista, provavelmente deu a luz a expressão “bugiganga”, usada pejorativamente para desqualificar a sabedoria do adivinho e desvalorizar a religiosidade de povos africanos, como algo insignificante e de muito pouco valor.

Bugiganga = os buzios do Nganga...Os objetos do adivinho.


O prefixo “Ma”.

O prefixo Ma, e’ usado em diversas línguas do ramo bantu, especialmente na região Congo - Angola, como prefixo de plural.

Ao responder a pergunta de alguém, ou mesmo das autoridades, por exemplo:
“O que levas por ai?”...Os Nganga, responderiam:

“ As nossas Macumba! ”...Ou seja, os nossos cestos de adivinhação.
Neste sentido, macumba era/é algo usado para armazenar e transportar o lipele e seus apetrechos.

(A. Kandimba)
 
Foto: Carlos Barata

Friday, 16 August 2013

Hunguhungu

Hunguhungu ou Fedu é uma forma tradicional de dança circular realizada pelas mulheres do povo Garifuna de Belize, Honduras, Nicarágua e Guatemala. A música é composta de temas rítmicos executados por três percussionistas com a alternância de cânticos de chamada-e-resposta, exibindo um património Africano claro. É por vezes combinada com Punta.

O Hunguhungu é frequentemente realizada durante um ritual chamado de adugurahani ou Dugu, praticado pelos Garifunas para se comunicarem com os seus antepassados. A dança também é exercida por mulheres Garifuna adultas durante a Semana Santa de Páscoa para indicar tristeza ou lamentação.

As canções, cantadas por elas, contém elementos e tópicos expressivos dos sentimentos das mulheres, direcionadas a situações atuais em suas comunidades, com mensagens sérias, como "Um homem que comete um crime , só vai acabar morto ", ou" um homem que comete um crime, algum dia será circulado por abutres (urubus) e iremos encontrar o corpo dele. "





Professor Angel Batiz Mejia, quoted in
Barauda brings traditional Garifuna dances to Teguz, Honduras

Pesquisa e traducao: A. Kandimba














Monday, 5 August 2013

O mito Marimba: A Mãe da Música




Debaixo de uma jovem árvore musharagi, ao lado do rio, ascendeu um flamingo sagrado para o ar com cheiro de floresta. . . . E então ela apareceu, o Espírito de beleza personificada, irradiando uma beleza que falava de um Deus em sua alma.

A sua cara sensível com olhos iluminados analizando o mundo, com uma expressão de admiração profunda. O seu traje era simples: uma saia de pele de chita bronzeada, enfeitada com búzios, colar e pulseiras de cobre, gravada com símbolos de sabedorias secretas.

Esta foi a mulher que deu as tribos algumas das canções mais antigas e belas do planeta e que inventou inúmeros instrumentos, cada um destinado a levar o seu nome de uma forma ou de outra...Marimba, a Mãe da Música.




Mas uma maldição lhe tinha sido colocada pela Deusa noturna do Mal, a Mãe dos Demônios, que se aproximou dela para lhe tornar em uma das suas servas na terra das trevas. Contundo, a Marimba se recusou a fazê-lo. Ela manteve-se firme e se recusou a sucumbir às forças do mal, reconhecendo que era a sábia governante da primeira tribo governada não pela força, mas pela sabedoria e amor. Ela manteve-se firme em sua crença de que era suficientemente forte. Forte para resistir qualquer ataque, por ser abençoada com o poder da música, e então superar o mal..,

E assim, com o passar dos dias, Marimba guiou o seu povo a inventar instrumentos musicais a partir de armas dos inimigos e ferramentas cotidianas. Tambores eram feitos de morteiros vazios, arcos e harpas de arcos de caça, e marimbas de armadilhas de animais. Em vez de pegarem em armas, ao serem confrontados com a guerra, ela encorajava a se desfazerem das armas e dançar.

E então, enquanto o sol nascente lentamente enviava os seus primeiros raios para banhar as cabanas da comunidade, o povo da aldeia ficou espantado com os sons que fluiram da voz de Marimba, quando ela começou a cantar, pois nunca antes tinham ouvido tal som - um som do outro mundo jamais ouvido. Um som que flui pelo anoitecer silencioso como um rio de prata através das florestas escuras e penetra nas profundezas da alma.

"Leva a minha música nas asas da sua luz
Mantenha os meus refrões até os confins do mundo. "


Texto original de Credo Mutwa (Curandeiro tradicional e profeta Zulu)

Traducao e pesquisa: A. Kandimba

Thursday, 1 August 2013

Titina Sila´, uma Heroina Africana

Titina Sila´, uma Heroina Africana (1943 – 30 January 1973)





Aproveitando hoje, dia 31 de Julho, dia internacional da mulher africana, fundado no ano 1962, em Dar es salaam na Tanzania, pela OPM (Organizacao Pana-Africana de Mulheres), e por 14 paises  e 8 movimentos de libertacao colonial, para homenagear, exaltar e, ao mesmo tempo,  conscientizar as massas sobre a guerrilheira Titina Sillas, uma heroina africana da luta pela independencia da Guine Bissau, do continente Africano e de todos outros povos oprimidos, para que a luta dela, que posterioremente foi e segue sendo a luta de todos nós, jamais seja´ esquecida.

A. Kandimba




¨De seu nome verdadeiro Ernestina Silá,(Titina Silá) foi uma combatente e formadora de milícias, que embora morrendo jovem, conseguiu fazer a diferença e cativar todos aqueles que a conheceram. Teodora Inácia Gomes, militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi uma dessas pessoas. “Em 1963, estivemos juntas na Guiné-Conacri e na frente sul. Em Agosto desse ano fomos para a antiga União Soviética fazer um estágio político”, recorda a antiga combatente, ao jornal Expresso de Portugal.


Pouco tempo depois, Titina viu-se obrigada a regressar à pátria, onde deu formação à guerrilha, mas em 1964 já estava de volta à União Soviética para estudar socorrismo.”Era uma lutadora incansável, amável, simples, uma pessoa excepcional e uma grande patriota”, afirmou a deputada guineense, sublinhando o apreço que Amílcar Cabral tinha por ela.


Titina, morreu a 30 de Janeiro de 1973, quando se dirigia à Guiné-Conacri para assistir ao funeral de Amílcar Cabral, morto uma semana antes. Teodora recorda que Titina foi vítima de uma emboscada, levada a cabo por militares portugueses que a afogaram no rio Farim, no norte da Guiné-Bissau.


Tal como muitas outras combatentes do PAIGC, que deram a vida pela independência do país,  também Ernestina não viveu o suficiente para ver este sonho concretizado.  É a pensar nelas que se instituiu o feriado não oficial que se celebra cada ano.


Questionada sobre a importância das mulheres na luta pela independência, Teodora Gomes não deixou margens para dúvidas, ao garantir que todas tinham formação militar e que ela própria chefiou uma equipa de 95 jovens mulheres. “Também dava aulas a explicar as razões da nossa luta e porque combatíamos a exploração capitalista”, explicou ainda a deputada e recordou que ”foram muitas as mulheres que deram a vida pela independência da Guiné-Bissau.”http://expresso.sapo.pt/guine-bissau-presta-homenagem-a-titina-sila=f108649


 

¨No ano de 1973 o lider do p.a.i.g.c. Amilcar cabral é assassinado em guiné-conakri país vizinho, Titina silá perde desta forma o seu mentor e amigo, assim como os povos de guiné-bissau e cabo-verde que perdem o seu lider, o homem e irmao que lutou e morreu para que todos eles pudessem viver em liberdade, uma semana depois do trágico acontecimento no dia 30 janeiro ainda abalada com o sentimento de perda Titina parte chefiando um grupo pequeno de combatentes numa canôa com o propósito de assistir o funeral do irmão e companheiro de luta Amilcar cabral a guiné-conakri quando se viu presa numa emboscada montada pelas tropas portuguesas no rio farim no norte da guiné bissau e a seguir morta por afogamento pelos mesmos, a dôr indescritivel daquele povo com certeza mora na memória dos mais velhos ainda hoje, num unico mês guine-bissau experienciou a dôr de uma mãe que perde os filhos, duas figuras africanas exemplos de justiça e igualdade entre os seres humanos, pessoas simples e afáveis, titina dedicou os seus poucos anos de vida na luta por todos estes valores e principalmente pelos direitos dum povo decidir o seu próprio destino no pedaço de terra que deus lhe deu, com esperança de um dia ver seu povo libertar se das correntes da exploração do império português, muitos concordarão que a titina como lutadora incansável e com a famosa capacidade de organização e liderança que tantos elogios e admiração lhe valeram deve ter partido com sensação do dever nao cumprido ou pelo menos nao completo, mas o que ela nao sabia foi que os anos de luta nas matas da guiné e o sacrificio na gélida uniao sovietica em prol da formaçao dos jovens e do partido p.a.i.g.c. dariam frutos mais tarde, com a vitória dos combatentes guineenses e a expulsão dos portugueses mais tarde, Titina teve a sua quota bem paga numa vitória que apesar de ser de todos os intervenientes como ela numa guerra pelo que é correcto também foi a vitória prometida pelo Amilcar cabral ao seu povo.

Ao exemplo das grandes mulheres que a antecederam desde grécia antiga ao egipto Titina lutou e morreu pelo que acreditava e amava, onde quer que esteja ela reunido com o seu amigo, irmao e mentor Amilcar cabral ,é provável que estarão a travar outras guerras lado a lado pelo que é o mais correcto, porque uma lutadora será sempre uma lutadora.

Viva Titina silá





30 de Janeiro, dia da mulher Guinense