Tuesday, 28 May 2013

O Mvet

O Mvet é tanto um instrumento musical como também uma história épica. Uma espécie de literatura cuja narrativa expõe fatos históricos e ações heróicas de personagens excepcionais. O instrumento está relacionado as etnias Fang/Beti, subgrupos de povos Bantus, que hoje habituam os países Africanos do Congo (Brazzaville), Gabão, Guiné Equatorial, a ilha de São Tomé e príncipe e Camarões.






Afirma-se ter sido criado durante o êxodo do povo Fang/Fãn, e é construído com materiais da floresta tropical Central Africana, feito de bambu, e acompanhado por várias cabaças identificadas como masculinas e fêmeninas, que ressoam quando as cordas são ligeiramente tocadas.
A história oral do Mvet é caracterizada por uma fase denominada de EKANG.
A face Ekang inclue temas spirituais e mitológicos, tais como Nzana Nga Zogo, que engloba todos os aspectos da cultura fang como a filosofia, a poesia, o conhecimento científico do mundo, histórias que honram os líderes das aldeias, histórias de heroísmo, e de inspiração as comunidades.


A lenda da criação
Segundo a lenda da sua criação, Oyono Ada Ngone foi um sábio, um fang notável, músico e guerreiro que viveu durante a longa migração do século XV conhecida como “OBANE”. Ao tentar escapar de uma batalha, uma guerra em que o seu povo foi derrotado, o mestre Oyono entrou em coma durante uma semana e foi socorrido, quase sem vida, pelos guerreiros fugitivos.


Durante o seu estado de coma, Zambe, um espírito superior, dialogou com Oyono que, em espírito, foi regalado um instrumento musical. Este instrumento serveria para despertar, restaurar a esperança, recapturar a coragem e autoestima do seu povo, através da música e histórias fabulosas do passado.


O mestre Oyono Ada Ngone construiu um instrumento musical a partir de um ramo da palmeira ráfia, tendo dado início aos contos e histórias épicas sobre um grupo de guerreiros a quem deu o nome de pessoas Engoñ / Engong, significando o povo de Ferro, invencíveis como o ferro, transformando-os em um povo guerreiro, temido por todos outros povos aos seus redores.


” Mvet” do verbo “a vet” = Elevar, superiorizar.















Referências:

Grégoire Biyogo, L'encyclopédie du Mvett
Tsira Ndong Ndoutoume, ed., Le Mvett, L'homme, la mort et l'immortalité, Harmattan, 1993
Pierre Alexandre, Introduction to a Fang Oral Art Genre: Gabon and Cameroon mvet, School of Oriental and African Studies, 1974.Aton Belinga (Camaroes); Imagens e contribuicoes.


"Em relacao a imagem da evolucao do Mvet. No começo do século XX, era comum encontrar o Mvet de uma única cabaça. De acordo com o pequisador Camarones, Aton Belinga, Fontes de Assoumou Ndoutoume são mas ele viajou intensivamente pelo Gabão e Guiné-Equatorial, tendo conhecido e entrevistado mestres e tocadores do Mvet, e reuniu uma série de informações publicadas no seu livro, Le Mvett épopée fang (Ndoutoume 1983 [1970])."
Outros textos relacionados a pesquisa:






Agogo, a mae e a criancahttp://kandimbafilms.blogspot.com/2012/11/a-mae-e-crianca.html

Monday, 6 May 2013

Conguitos


Ja’ se vao 9 anos desde que trabalhei como seguranca do shopping Colombo. Centro Comercial Colombo em Benfica, Lisboa. Foi a primeira e unica vez que trabalhei em Portugal.

Como parte da seguranca, sempre usavamos codigos para certos eventos e identificacao de objectos. Usava-se muito a palavra CONGUITOS, quando as criancas acessavam o centro. Eu pessoalmente nunca fiz uso da palavra, pela simples razao de ter sido xingado de conguito no passado.


Mas Benfica e’ uma area com um grande numero de Africanos, especialmente vindos de Cabo Verde, Angola, Guine Bissau, etc...Nao demorou muito para realizar que a expressao era apenas usada para identificar as criancas que em Portugal chamamos de criancas de cor, ou seja, de descendencia africana.

Tentei varias vezes erradicar esse tipo de comportamento. Comportamento esse que considero de nivel muito baixo. Mas os “colegas”, como sempre, achavam que era apenas uma simples piada.

Quando era crianca, o boneco da embalagem carregava uma flecha, argola nas orelhas e, se nao me esqueco, um pedaco de osso no nariz.

Vejo que hoje em dia o caracter sofreu varias modificacoes. Em vez de o retirarem do mercado, inventaram um conguito branco com aqueles labios exageradamente grossos.

Enfim, a luta anti-racista em Portugal ainda continua fortemente primitiva.

A. Kandimba