Pegadas de um rei de Benguela
Clip do filme: http://kandimbafilms.blogspot.nl/2011/10/afrocariocas.html
1911,
NJahulu II é coroado rei do povo do Mbailundu, hoje Bailundo, da etnia
Ovimbundu, o mais forte do planalto de Benguela, na região central de
Angola. Cem anos depois, essa coroação é relembrada pelo filme
Afrocariocas, do angolano Aristóteles "Tótti" Kandimba, em fase de
conclusão
por OSWALDO FAUSTINO
(A partir da esq.) Meri Santiago, Tata Barcellos, Letícia Enne, Karla da Silva e Marina Alves
Motivado pelo fato de a Organização das
Nações Unidas (ONU) ter declarado 2011 o Ano Internacional para
Descendentes de Africanos, esse jovem cineasta realizou (com recursos
próprios) esse filme que revela um elo profundo entre a coroação desse
rei e os Ovimbundos que foram trazidos escravizados para o Rio de
Janeiro.
N’Jahulu, na língua desse povo, quer dizer “o caminho”.
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Spirito Santo, integrante do Grupo Cultural Vissungo |
Para quem argumenta que, naquela época, já não havia mais
escravidão, “Tótti”, que já coordenou alguns festivais de cinema
africano, rebate: “Ouvimos da boca do nosso avô, Satchingongue, pai do
meu pai, nascido em 1910, que ainda existia escravidão no início do
século passado, algo que se pode considerar clandestino. Os mais velhos
presenciaram. Existem histórias semelhantes à do meu avô em outras
partes do continente africano.”
O objetivo da ONU, em 2011, era combater o racismo e as
desigualdades econômicas e sociais. Já o cineasta aproveita a efeméride
para recontar histórias transmitidas de pai para filho durante quatro
gerações. Entre depoimentos de brasileiros negros do Rio de Janeiro e
uma estudante nigeriana, vai se tecendo a trama desse documentário que
conta com a presença luxuosa de personagens como o ator Rodrigo dos
Santos; o compositor e historiador Spirito Santo, integrante do Grupo
Cultural Vissungo; a bancária Leticia Enne; a dançarina Ana Beatriz
Almeida; a estudante nigeriana de medicina Isioma Akolo; a cantora Karla
da Silva (
The Voice Brasil); a antropóloga Marina Alves; a professora Tata Barcellos; a estilista Meri Santiago e a cineasta Delanir Cerqueira.
Segundo Aristóteles,
Afrocariocas teve como motivação “a
necessidade de renascer das cinzas, recomeçar um diálogo eficaz e
marcante entre as duas comunidades: a África e a diáspora africana.”
Fundador do Festival de Filmes de Capoeira, realizado em Amsterdam, na
Holanda, onde ele reside, e em Tel Aviv, em Israel, ele pretende, com
seu primeiro filme, “refletir o passado em prol de um processo de
reconciliação de nossa identidade. Somos o mesmo povo, mas infelizmente,
e por razões históricas, não nos conhecemos.
Afrocariocas, é um reencontro jubilante entre uma mãe e os seus filhos, que dela foram arrancados com muita violência.”
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O angolano Aristóteles “Tótti” Kandimba | |
Vale a torcida para que o filme fique pronto logo para que
possamos nos reencontrar com nossa ancestralidade e conosco mesmos.
Afinal, alguém tem dúvida sobre nossas origens? E, se ela vem de uma
família real, tanto melhor, não é mesmo?
(Postado por A. Kandimba)
racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/172/artigo273189-1.asp
Website do filme: http://kandimbafilms.wix.com/afrocariocas