Saturday, 4 February 2012
Estudar e’ um dever Revolucionário
“Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, um grupo de mulheres e homens, munidos de paus, catanas e outras armas brancas, atacaram a casa de reclusão e a cadeia de São Paulo em Luanda, Angola, para libertarem presos políticos, ameaçados de morte.
O regime colonial fascista reagiu brutalmente e respondeu com uma acção de repressão em todo o país, com assassinatos, torturas e detenções arbitrárias.”(luta popular on –line)
No espírito do 4 de Fevereiro de 1961... Início da luta armada pela independência de Angola, um dos processos mais difíceis, dolorosos, complexos e demorados entre as emancipações africanas.
Enquanto ainda muitos derramam lágrimas de crocodilho pela perda da joia da coroa, a alma forte da exaltação pelo nacionalismo angolano aumenta robustamente.
A vida no tempo colonial foi extraido das páginas do livro escolar "Iniciação a história de Angola", ensino de Base 4ª classe, escrito pelo Ministério da Educação.
Uma das mais vibrantes relíquias da minha infância...Algo que carrego comigo há mais de 30 anos. (A. Kandimba)
A vida no tempo colonial
Para Oscar Kandimba
Durante muitos anos de guerra e de tráfico de escravos, os portugueses foram preparando o caminho para a colonização.
Contudo, os colonialistas portugueses só há cerca de 70 anos ( escrito nos anos 60)conseguiram fazer a ocupação militar de todo o território para melhor exploraram diretamente as riquezas e abafar as revoltas. Nessa altura, deixaram de fazer o comércio de escravos, mas em seu lugar surgiu o trabalho forçado, uma das características mais dominantes nas colônias portuguesas.
O trabalho forçado, sobre a forma de contrato, consistia no seguinte: todo o indígena que não pudesse provar que trabalhara durante pelo menos seis meses no ano interior, estava sujeito ao trabalho forçado em proveito do Estado ou de patrões privados. O fazendeiro quando precisasse de mão-de-obra requeria-a ao Governo.
Por sua vez, o chefe de posto ou outro administrador da região, mandava o angariador reunir na Sanzala (aldeia) o número de homens soliticados.
Estes desgraçados deixavam as suas famílias e iam para terras distantes trabalhar: nas grandes roças de café e cacau em São Tomé. Nas indústrias pesqueiras da baia dos tigres; nos extensos campos de sisal, algodão, no corte de madeira, etc.
Em compensação recebiam salário de miséria, maus tratos, pois mesmos doentes nunca deixavam de trabalhar. O dono não se preocupava com os trabalhadores assim alugados.
No caso de morte o Estado fornecia outro trabalhador.
Os homens que resistiam ao trabalho regressavam sem nada, pois o fazendeiro era também proprietário de uma cantina onde o trabalhador era obrigado a gastar o salário de miséria. Muitos depois não mais voltam as suas terras, ou por terem contraído dívida ou por morte.
Havia ainda os trabalhadores voluntários que, lutando pela sobrevivência, pois a fome dizimava o povo, eram obrigados a assalariar-se. Era isso que o governo colonial queria, porque desse modo o salário era muito mais baixo que o do contratado, e as horas de trabalho estipuladas ao gosto do fazendeiro ou outro proprietário.
O trabalho nas estradas era feito por mulheres, moçinhas, crianças e velhos das Sanzalas.
Não havia um pouco de compaixão pelas mulheres grávidas ou com filhos as costas.
O trabalho não era pago. A alimentação e até os instrumentos eram levados pelo próprio explorado.
Esta foi a época de maior exploração das riquezas de Angola e do seu próprio povo. As rusgas humilhantes, as prisões vergonhosas e desumanas, o desemprego, os impostos, os desterros, o açambarcamento dos bens do povo, a miséria, as perseguições feitas nas cidades e povoações pelas administrações, chefes de posto e policia, nas Sanzalas e quimbos (comunidades) pelos regedores e capatazes, tudo isso tornou impossível o povo suportar a vida triste e dura imposta pelo Estado colonial.
11 de Novembro de 1975, Independência de Angola.
... o "último" soldado português em Angola transportando a bandeira nacional ....