Sunday, 26 August 2012

Fortunata, uma princesa Bakongo em Porto Alegre

Contam os rugidos dos leões da história, dum passado recente que, por traição de um inimigo, uma das filhas do Rei do Kongo caiu vítima das mandíbulas e as garras diabólicas da ganância...Acorrentada no porto de Benguela, em Angola.





Fortunata Nkanga a Mvemba, de corpo e alma, posterior Fortunata Joaquina da Encarnação da Costa Conde Faustina, de desdém e angústia, foi destinada e subjugada ao trabalho doméstico, em Porto Alegre, Sul do Brasil.

Porém, por impetuosa exigência do seu pai, os sonhos da princesa de retornar a subir e descer a montanha sagrada de Kibangu, aonde a crença fervorosa da jovem rebelde e profetisa Kimpa Vita se destacou, mergulhar nas águas milagrosas do rio Nkisi, de correr e de se perder pela floresta de Mayombe, livre e nos braços dos seus ancestrais, se transformaram em realidade.

A princesa foi retornada à sua terra santa, Mbanza Kongo, em 1825.

Que impressão teria deixado a princesa criança entre os seus irmãos e irmãs de Porto Alegre? Que estórias e testemunhas, persistências e resistências dos seus viveres teria levado consigo?

Oxalá que essas mesmas estórias se tornem pesquisas de grandes e lúcidos historiadores, rimas de poetas aventureiros e canções de cantores cobiçosos, para que,  perante os olhos do mundo, a princesa jamais se tornará invisível?

(A. Kandimba)


Imagem:  Folk Tales And Fables Of The World (Barbara Hayes & Robert Ingpen).
Fontes: Arquivo historico BPN, Lisboa - Portugal



Wednesday, 8 August 2012

VAMOS SAMBAR QUE E' BOM!!!!

Várias definições da palavra Samba em Angola


Kikongo do povo Bakongo, Norte de Angola = Invocar, orar, rezar, etc...

Nyemba do povo Ngangela, Leste de Angola = Pular, cambalhotar, divertimento, etc...


Kimbundu do povo Ambundu, Norte e centro de Angola = Animação, celebração, excitação.

Umbundu do povo Ovimbundu, Centro e Sul de Angola =Efervescer, agitado, pedir, suplicar, etc...




Kusamba...Samba!Samba! = Expressão de sentimento irresistível de alegria. (Povo Ngangela)
VAMOS SAMBAR QUE E' BOM!!!!
(A. Kandimba)


Foto: Makishi, dançarino/divindade/espirito das tradi
ções Bantu. (Angola, Kongo, Zambia, etc)
Fontes: tradição de Angola
John T. Schneider


Saturday, 4 August 2012

O plano secreto entre Israel e Angola: o envio de judeus da Etiópia

As nuvens rondam pelos ares, num clima tipo "xe' menino, não fala política".
A precipitação prevista o interrogativo "Num te disse?".

Se me perguntarem o que acho disso tudo,  eu simplesmente responderei que, pelas discriminacões de caráter baixíssimo que vêem a sofrer em Israel, os nossos irmãos e irmãs são mais que bem vindos, desde que Angolanos nao sejam forçados a deixar as suas terras e dos seus antepassados.

No passado fomos vitimas de imigracões indesejáveis.  Hoje posso afirmar com muito orgulho que, quanto mais  "Africanos" no nosso pais, melhor...
(A. Kandimba)


                                                Foto: Nathan Jeffay




Por Ribeiro Cardoso
Tal&Qual, 03.09.1993



«O plano foi negociado secretamente – e prevê a instalação de colónias-modelo em Angola. Judeus negros vão chegar ao ritmo de 100 mil por ano. Serve às duas partes: Israel resolve um problema e Luanda esfrega as mãos de contente.»


Milhares de judeus negros, que há poucos anos foram da Etiópia para Israel, preparam-se para “invadir” o sul de Angola. Mais concretamente, o Cuando Cubango, que pode virar o “celeiro de África”. Para que isso aconteça falta apenas que a situação no terreno o permita – e já não deve faltar muito, pois Telavive, Washington e Pretória estão apostados nisso mesmo. E Luanda está de acordo, pois claro.

O compromisso foi assinado há alguns meses e mantido em rigoroso segredo. E não prevê apenas judeus negros nem exclusivamente o Cuando Cubango. Isso é só numa primeira fase. Atendo ao que se está a passar no Médio Oriente e ao que se passou nos países de Leste, Israel prepara-se para mandar judeus para Angola ao ritmo de 100 mil ano.

Na sequência de contactos que se iniciaram quase por acaso há cerca de quatro anos e acabaram no estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países (ver caixa), Israel mostrou disponibilidade e interesse em avançar com projectos comuns de desenvolvimento agro-pecuário.

À fome juntava-se a vontade de comer. Isto é, tudo se conjugava para que o acordo se efectuasse e tivesse êxito – Telavive tinha o know how e muita gente para colocar o plano de pé (cada vez há mais judeus do Leste a quererem ir para Israel), mas não tinha terra; Angola, por sua vez, tinha terra a dar com um pau, mas não possuía técnicos nem experiência no campo da agro-pecuária.

No que ao Cuando Cubango respeita – uma área semi-desértica duas vezes maior que Portugal – foi elaborado um grandioso projecto de aproveitamento das águas dos rios que permitirá a irrigação permanente do solo e duas colheitas anuais.

Para que o projecto possa ir para a frente falta, porém, resolver um “pequeno” pormenor: acabar a guerra. Nem mesmo aos judeus falashas – os judeus negros que há alguns anos atrás, com o acordo do então presidente Mengistu, Israel transferiu em massa da Etiópia – estão dispostos a avançar para as terras prometidas do Cuando Cubango enquanto os canhões continuarem a ter voz.

Ora, as eleições foram um sinal de esperança – mas no final não passaram de um pesadelo. E com o comportamento da UNITA chegou ao fim o tempo das dúvidas, das hesitações, do jogo duplo de algumas potências sempre atentas e/ou envolvidas no conflito – pelo menos ao que parece.

De acordo com as informações recolhidas pelo T&Q em meios diplomáticos, a cooperação de Telavive com Luanda, nomeadamente nos campos militar e das informações, tornou-se a partir daí mais profunda: a Mossad, há muito instalada discretamente no terreno, deu indicações preciosas que evitaram a tomada do aeroporto de Luanda pelos homens de Savimbi; os conselheiros militares israelitas desembarcaram em maior número na capital angolana; e nos céus de Angola há agora alguns experimentados pilotos judeus.

Ao mesmo tempo, e a provar que algo de fundamental mudou na guerra Angola, Pretória está em sintonia com os seus amigos israelitas – e o satélite americano que até há pouco estava ao serviço da UNITA dá agora informações ao governo de Luanda, permitindo que a artilharia e a aviação das FAA atinjam em cheio os seus objectivos.
É neste contexto que, embora por enquanto apenas em sectores muito restritos, começa a falar-se com algum pormenor do acordo Israel-Angola. Um acordo que, pelas suas implicações e dada a situação internacional existente, pode revelar-se decisivo para o desfecho da guerra angolana.

Mas o mais curioso de tudo é que o interesse dos judeus por Angola não é novo. No tempo da I República, a Organização Mundial Sionista, com sede em Viena, apresentou uma proposta concreta ao Governo português para “a compra do Estado de Angola” (sic). E mais tarde, na segunda metade dos anos 30, numa iniciativa a que a Sociedade das Nações foi alheia, Stefan Zweig veio a Portugal, ao que consta, com idêntica finalidade. Nessa altura havia já muitos judeus perseguidos na Alemanha e Angola foi uma das hipóteses avançadas para terra prometida.

Por uma dessas ironias em que a História é fértil, ainda que de contornos diferentes e com actores que então nem pensavam subir ao palco – os judeus negros da Etiópia – podemos estar hoje a assistir àquilo que não foi possível concretizar meio século atrás.

Fonte: Blog Nonas