Olha vamos na dança do Caxambu...Saravá, jongo, saravá...Engoma, meu filho que eu quero ver...Você rodar até o amanhecer...O tambor tá batendo é pra valer...É na palma da mão que eu quero ver...Dona Celestina me da água pra beber...Se você não me der água vou falar mal de você.
Deu meia noite, o galo já cantou...Na igreja bate o sino é na dança do jongo que eu vou...Carreiro novo que não sabe carrear...O carro tomba e o boi fica no lugar...Quem nunca viu vem ver caldeirão sem fundo ferver.(Almir Guineto)
O MBalundu foi o maior e o mais poderoso dos reinos tradicionais do povo Ovimbundu, Bantus de Angola.
Hoje conhecido simplesmente por Bailundu, é um município da província do Huambo, localizado em pleno planalto central do país.
Por mera distância destaca-se a província de Benguela, antigo porto e fonte do tráfico de cerca de meio milhão de Ovimbundus para o Rio de Janeiro.
Conta o meu pai que na década dos anos 40, nos momentos de diversão, os tambores eram soados pelos melhores tocadores das aldeias.
O tocador mais destacável era identificado e idolatrado pelo povo como o sangoma=o indivíduo, o tocador mais ágil do Ngoma.
Engoma ou Ngoma significa “tambor”, é o tambor típico encontrado em toda a África bantu desde a milhares de Anos.
Popular em várias nações como Camaronês, Gabão, Congo-Brazaville, Congo-Kinshasa, Quênia, Tanzânia, Ruanda, Burundi, Angola, Zambia, Zimbabwe, Moçambique, Madagascar, Namibia e África do Sul.
Tocado normalmente ao som das palmas das mãos e até o sol raiar, cada tambor/ngoma possui funções e definições apropriadas.
Curiosamente, o povo Ambundu ou Kimbundu (povo da gloriosa rainha Jinga), vindos de Luanda e antigos parentes do reino do Kongo, fazem uso de um tambor /ngoma chamado de Umbanda.
Esse mesmo tambor (Umbanda) e’ tocado por um indivíduo identificado como Kimbanda.
O ngoma nao é apenas um tambor. O ngoma faz-se, pratica-se...Vamos fazer o ngoma, vamos dançar, vamos cantar, vamos tocar, vamos jogar, vamos rezar, vamos louvar...
O ngoma é uma maneira de viver, é medicina, spiritualidade, ritual sagrado, nascimento, ritos de passagem, é namoro, é cura, é comunicação, iniciação, colheita, comemoração, guerra e morte.
Tudo manifestado em forma de dança e canto tradicional.
O autor (Almir Guineto) na sua intuição...Afroinspiração, projeta a vivência social e cultural do seu povo da forma mais resplandecente, provando de maneira incontestável uma ligação ancestral luzente através da sua música.
Que gênio!
Bi Kidude Fatuma binti Baraka
E’ uma artista da Tanzania com cerca de 100 anos de idade. A mesma afirma que tem 113 anos. Parteira e curandeira, ela é considerada a rainha da música Taarab (swahili) e iniciadora do rito Ngomba Unyago, uma cerimônia de percussão e dança que pode durar dias e que os homens não são admitidos.
As meninas adolescentes são iniciadas nos mistérios da feminilidade. Elas são ensinadas graficamente como dar prazer aos seus maridos e também como lidar com situações desagradáveis que a vida de casada pode trazer.
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Sobre ritos de iniciação feminina à maturidade em Moçambique
A. Katawala
O Unyago é um rito de passagem de criança a adulto e, como tal, o centro do ritual está nas cerimónias de separação da criança da sua mãe e da família para um período de formação, para voltar a ser reintegrado na comunidade como um homem novo, um adulto.
Para melhor percebermos o Unyago temos de perceber primeiro a relação entre a mãe e a criança que na cultura Yao é muito forte. É a mãe quem cuida integralmente do infante, é a mãe quem lava, veste, alimenta e cuida da saúde da criança e da família em geral.
Quando a criança atinge a puberdade, dá-se a separação. A idade dos candidatos ao Unyago oscila entre os 9 e 14 anos, podendo ser realizada numa idade mais avançada, conforme os usos e costumes de cada região.
Para as moças, acontece geralmente no momento da primeira menstruação, pois estando no seu período fértil, estão aptas a preparar-se para uma vasta gama de preceitos que a incentivam a dedicar a sua disponibilidade ao casamento, às tarefas domésticas, à família e ao futuro marido; para os rapazes, depende dos pais a escolha da data e alguns esperam até que o filho apresente os primeiros pêlos púbicos."